sábado, 22 de setembro de 2012

Ante a mediunidade


ANTE A MEDIUNIDADE

Convirá se procure convencer a um incrédulo obstinado? Já dissemos que isso depende das causas e da natureza da sua incredulidade. Muitas vezes, a insistência em querer persuadí-lo o leva a crer em sua importância pessoal, o que, a seu ver, constitui razão para ainda mais se obstinar. Com relação ao que se não convenceu pelo raciocínio, nem pelos fatos, a conclusão a tirar-se é que ainda lhe cumpre sofrer a prova da incredulidade. Deve-se  deixar à Providência o encargo de lhe preparar  circunstâncias mais favoráveis. Não faltam os que anseiam pelo recebimento da luz, para que se esteja a perder tempo com os que a repelem.
        Dirigi-vos, portanto, aos de boa-vontade, cujo número é maior do que se pensa, e o exemplo de suas conversões, multiplicando-se, mais do que simples palavras, vencerá as resistências. O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Lenir corações aflitos; consolar, acalmar desesperos, operar reforma morais, essa a sua missão. É nisso também que encontrará satisfação real. O Espiritismo anda no ar; difunde-se pela força mesma das coisas, porque torna felizes os que o professam. Quando o ouvirem repercutir em torno de si mesmos, entre seus próprios amigos, os que o combatem por sistema compreenderão o insulamento em que se acham e serão forçados a calar-se, ou a mudar-se. - Allan Kardec.
             (O Livro dos Médiuns, Cap. III, Do Método, item 30.)

        No trato da mediunidade, não andemos à cata de louros terrestres, nem mesmo esperemos pelo entendimento imediato das criaturas.
        Age e serve, ajuda e socorre sem recompensa.
        Recordemos Jesus e os fenômenos do espírito.
        Ainda criança, ele se  submete, no Templo, ao exame de homens doutos que lhe ouvem o verbo com imensa admiração, mas a atitude dos sábios não passa de êxtase improdutivo.
        João Batista, o amigo eleito para organizar-lhe os caminhos, depois de vê-lo nimbado de luz, em plena consagração messiânica, ante as vozes diretas do Plano Superior, envia mensageiros para lhe verificarem a idoneidade.
        Dos nazarenos que lhe desfrutam a convivência, apenas recebe zombaria e desprezo.
        Dos enfermos que lhe ouvem o sermão do monte, buscando tocá-lo, ansiosos, na expectativa da própria cura, não se destaca um só para segui-lo até à cruz.
        Dos setenta discípulos designados para misteres santificantes, não há lembrança de qualquer deles, na lealdade maior.
        Dos seguidores que comeram os pães multiplicados, ninguém surge perguntando pelo burilamento da alma.
        Dos numerosos doentes por ele reerguidos à bênção da saúde, nenhum aparece, nos instantes amargos, para testemunhar-lhe agradecimento.
        Nicodemos, que podia assimilar-lhe os princípios, procura-lhe a palavra, na sombra noturna, sem coragem de liberar-se dos preconceitos.
        Dos admiradores que o saúdam em regozijo, na entrada triunfal em Jerusalém, não emerge uma voz para defendê-lo das falsas acusações, perante a justiça.
        Judas, que lhe conhece a intimidade, não hesita em comprometer-lhe a obra, diante dos interesses inferiores.
        Somente aqueles que modificaram as próprias vidas foram capazes de refleti-lo, na glória do apostolado.
        Pedro, fraco, fez-se forte na fé, e, esquecendo a si mesmo, busca servi-lo até à morte.
        Maria de Magdala, tresmalhada na obsessão, recupera o próprio equilibrio e, apagando-se na humildade, converte-se em mensageira de esperança e ressurreição.
        Joana de Cusa, amolecida no conforto doméstico, olvida as conveniências humanas e acompanha-lhe os passos, sem vacilar no martírio.
        Paulo de Tarso, o perseguidor, aceita-lhe a palavra amorosa e estende-lhe a Boa Nova em suprema renúncia.
        Não detenha, assim, qualquer ilusão à frente dos fenômenos medianímicos.
        Encontrarás sempre, e por toda parte, muitas pessoas beneficiadas e crentes, como testemunhas convencidas e deslumbradas diante deles; mas, apenas aquelas que transfiguram a si mesmas, aperfeiçoando-se em bases de sacrifício pela felicidade dos outros, conseguem aproveitá-los no serviço constante em louvor do bem. - Emmanuel/Chico Xavier -
        (Do livro Seara dos Médiuns, lição: Ante a Mediunidade.)

MEDIUNIDADE E DEVER

         Entre os materialistas, importa distinguir duas classes: colocamos na primeira os que o são por sistema. Nesses, não há a dúvida, há a negação absoluta, raciocinada a seu modo. O homem, para eles, é simples máquina, que funciona enquanto está montada, que se desarranja e de que, após a morte, só resta a carcaça.
        Felizmente, são em número restrito e não formam escola abertamente confessada. Não precisamos insistir nos deploráveis efeitos que para a ordem social resultariam da vulgarização de semelhante doutrina. Já nos estendemos bastante sobre esse assunto em O Livro dos Espíritos (n. 147 e § III da Conclusão).
        Quando dissemos que a dúvida cessa nos incrédulos diante de uma explicação racional, excetuamos os materialistas extremados, os que negam a existência de qualquer força e de qualquer princípio inteligente fora da matéria. A maioria deles se obstina por orgulho na opinião que professa, entendendo que o amor-próprio lhes impõe persistir nela. E persistem, não obstante todas as provas em contrário, porque não querem ficar de baixo. Com tal gente, nada há que fazer; ninguém mesmo se deve deixar iludir pelo falso tom de sinceridade dos que dizem: fazei que eu veja, e acreditarei. Outros são mais francos e dizem sem rebuço: ainda que eu visse, não acreditaria.
       (O texto é de O Livro dos Médiuns, Capítulo III, Do Método.)

       - De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?

       - Destruindo o materialismo, que é uma chaga da sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais velada pela dúvida, o homem compreenderá melhor que ele pode assegurar seu futuro pelo presente. Destruindo os preconceitos de seitas, de castas e de cor, ele ensina aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos. ( O Livro dos Espíritos, pergunta 799.)
 No campo da mediunidade, não olvides que o dever retamente cumprido é a bússola que te propiciará rumo certo.
       Deslumbrar-te-ás na contemplação de painéis assombrosos na esfera extra-física, mas, a fim de atendê-las honestamente,  a breve espaço sofrerás a espionagem das inteligências que pervagam nas trevas, a converterem-te as horas em pasto de vampirismo.
       Escutarás sublimes revelações, inacessíveis ao sensório comum; todavia, se não estiveres atento para com as ordenações da consciência laboriosa e tranqüila, em pouco tempo serás ouvido pelos agentes da sombra a enredarem-te os passos no fojo de perturbações aviltantes.
       Assimilarás o influxo mental de espíritos nobres, domiciliados além da Terra, e transmitir-lhes-ás a palavra construtiva em discursos admiráveis; contudo, se não demonstras reta conduta à frente dos outros, no exemplo vivo do trabalho e do entendimento, sem demora te encontrarás envolvido nas vibrações de criaturas retardadas e delinqüentes, a chumbarem-te os pés na fossa da obsessão.
       Psicografarás páginas brilhantes, nas quais a ciência e a fé se estampam, divinas; no entanto, se teus braços desertam do serviço santificante, transformar-te-ás facilmente no escriba da vaidade e da insensatez.
       Fornecerás importantes noticias do mundo espiritual, utilizando recursos ainda ignorados pela percepção dos teus ouvintes; entretanto, se foges do estudo que te faculta discernimento, serás para logo detido no nevoeiro da ignorância.
       Se a mediunidade evidente é tarefa que te assinala o roteiro, não te afastes dos compromissos que a vida te impõe.
       Sobretudo, lembra-te sempre de que o talento mediúnico, encerrado nas tuas mãos, deve ser a tela digna em que os mensageiros da Espiritualidade Maior possam criar as obras-primas da caridade e da educação, porquanto, de outro modo, se buscas comprazimento na indisciplina, do pano roto de tuas energias descontroladas surgirá simplesmente a caricatura das bênçãos que te propunhas veicular, debuxada pelos artistas do escárnio, que se valem da fantasia, a detrimento da luz. - Emmanuel/Chico Xavier.
(O texto é do livro: Religião dos Espíritos, lição: Mediunidade e dever) 

A FIGUEIRA E OS MÉDIUNS

        "Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos; multiplicam-se em número, para que abunde o alimento; há-os por toda parte, em todos os países, em todas as classes da sociedade, entre os ricos e pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em nunhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são chamados. Se, porém, eles desviam do objetivo providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em coisas fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos sazonados dão maus frutos, se se recusam a utilizá-la em benefício dos outros, se nenhum proveito tiram dela para si mesmos, melhorando-se, são quais a figueira estéril. Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus."
        (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 10)

        "Dissemina a boa semente, edifica no Espírito Eterno, ergue o teu santuário interior para o Mestre e  atende às obrigações edificantes que te foram confiadas.
        É sempre fácil sorrir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados, plenos de tranquilidade e de sol.
        É por isso que raros aprendizes sabem servir sob a noite tormentosa e ao longo das horas repletas de dores e dificuldades de toda sorte.
        A escola, entretanto, não é outra.
        Peçamos ao Divino Amigo nos conceda forças para negarmos a nós mesmos, olvidando quanto possa constituir remanescentes de nosso passado delituoso e energia para nos glorificarmos em nossa cruz de cada dia, talhada nos testemunhos de trabalho, a que fomos convocados na hora presente.
        Somente assim, meu irmão, poderemos seguir a Luz dos Nossos Destinos, transformando-nos em viva mensagem de seu Infinito Amor a benefício da Terra de paz e fraternidade com o Reino dos Céus, nos bem aventurados dias que virão."
                                              -  Emmanuel/Chico Xavier -
        (O texto é do livro:Luz no Caminho, página nº 61)

TAREFA MEDIÚNICA

      Mediunidade não é instrumento barato de mágica, com que os Espíritos Superiores adormeçam a mente dos amigos encarnados, utilizando-os em espetáculos indébitos para a curiosidade humana.
      Realmente observamos companheiros que se  confiam a entidades não aperfeiçoadas, embora inteligentes, efetuando o fascínio provisório de muitos, no setor das gratificações sentimentais menos construtivas, entretanto, aí temos o encantamento temporário e nada mais.
      Tarefa mediúnica, no fundo, é consagração do trabalhador ao ministério do bem. O fenômeno, dentro dela, surge em último lugar, porque, antes de tudo, representa caridade operante, fé ativa e devotamento ao próximo.
       Quem busca orientação para empresas dessa ordem, procure a companhia do Cristo que não vacilou em aceitar a cruz para servir, dentro do divino amor que lhe inflamava o coração.
       Ser medianeiro das forças elevadas que governam a vida é sintonizar-se com a onda sublime do Evangelho da Redenção que instituiu o "amemo-nos uns aos outros", como Jesus se dedicou a nós, em todos os dias da vida.
       A prosperidade dos sentidos superiores da alma não reside no artificialismo dos fenômenos transitórios e sim na devoção com que o discípulo da verdade se honra em peregrinar com o Mestre do perdão e da humildade, da renúncia e da vida eterna, ajudando, sem exceção, os viajores do escabroso caminho terrestre.
       Se pretendes, meu irmão, um título na mediunidade que manifesta no mundo as revelações do Senhor, não te fixes tão só na técnica fenomênica; rejubila-te com as oportunidades de servir, exprimindo boa vontade no socorro a todos os necessitados da senda humana , renovando os sofredores e os ignorantes, os perturbados e os tristes, sob o estandarte vivo de teu coração aberto para a Humanidade, abraça-os por tua própria família! Depois disso, guarda a convicção de que te movimentas para a frente e para o alto, porque Deus, o Compassivo Pai de todos nós, virá ao teu encontro, enchendo-te a jornada de esperança, alegria e luz.
         - Emmanuel/Chico Xavier, psicografada em 20 de março de 1950 -
                  (O texto é de o Reformador/Feb, junho de 1951). 

MÉDIUNS TRANSVIADOS

 Qual a causa do abandono do médium pelos Espíritos?

O uso que ele faz da sua faculdade, é o que mais influi sobre os bons Espíritos. Podemos abandoná-lo quando dela se serve para coisas frívolas ou objetivos ambiciosos; quando se recusa a transmitir nossa palavra ou nossos fatos aos encarnados que os pedem ou que têm necessidade de ver para se convencerem. Esse dom de Deus não é dado ao médium para que se divirta, e ainda menos para servir à sua ambição, mas para seu próprio melhoramento, e para fazer conhecer a verdade aos homens. Se o Espírito vê que o médium não responde mais aos seus objetivos e não aproveita as instruções e as advertências que lhe dá, se retira para procurar um protegido mais digno. 
“No que se refere aos médiuns abandonados a si próprios, imaginemos vontade nos instrumentos de que se vale o homem na sustentação do progresso.
A caneta nobre que se negasse a escrever, com medo de errar, terminaria, decerto, numa carroça de lixo, preterida por algum lápis humilde que prestasse concurso de boa vontade.
O automóvel distinto que desertasse do trabalho, com a desculpa de preservar-se contra a lama e a poeira, perderia o devotamento do motorista e seria desarticulado por mãos estranhas
O piano que intentasse desfigurar acordes e melodias afastaria a atenção do musicista, acabando disfarçado em prateleira obscura.
O martelo que se impusesse ao operário, revelando o propósito de menosprezar-lhe a cabeça, seria naturalmente largado à própria sorte, para cair talvez sob o domínio de algum criminoso vulgar.
Mediunidade é talento divino para edificar o consolo e a instrução entre os homens.
Os Espíritos benevolentes e sábios convidam as criaturas para colaborarem com eles na obra de esclarecimento e elevação da humanidade.
Os medianeiros que aderem, renascem no mundo com os característicos da instrumentação ideal.
Algumas vezes, no entanto, em plenitude das forças físicas, os tarefeiros do intercâmbio, enganados por transitórias facilidades, recusam-se ao compromisso assumido.
Instados pelos instrutores da Vida Maior, durante muito tempo, para que se desincumbam dos seus mandamentos, afirmam-se com receio da humilhação e da crítica, ou exploram situações, sequiosos de luxo e poder. Os benfeitores espirituais, por fim, renunciam à insistência construtiva, deixando-os entregues a si mesmos.
Então, semelhantes criaturas, que renasceram no corpo terrestre para a função da mediunidade  continuam médiuns, mas só a Lei de Deus sabe como.”
 Emmanuel/Chico Xavier  (O texto é do livro Seara dos Médiuns, lição: Médiuns Transviados).

MEDIUNIDADE E REFORMA ÍNTIMA

  Se o Espiritismo, conforme foi anunciado,  tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em conseqüência do aperfeiçoamento dos indivíduos. Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais  benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humildes e pacientes na adversidade? Que serve ao avaro ser espírita,  se é sempre avaro; ao orgulhoso se ele é sempre pleno de si mesmo, ao invejoso se é sempre invejoso? Todos os homens poderiam, pois, acreditar nas manifestações, e a Humanidade ficar estacionária; mas tais não são os desígnios de Deus. É para esse fim providencial que devem tender todas as sociedades espíritas sérias, agrupando ao seu redor todos aqueles que estão  nos mesmos sentimentos; então, haverá entre elas união, simpatia, fraternidade, e não um vão e pueril antagonismo de amor-próprio, de palavras antes que de coisas; então, serão fortes e poderosos, porque se apoiarão sobre uma base inabalável: o bem para todos; então, elas serão respeitadas e imporão silêncio à tola zombaria, porque elas falarão em nome da moral evangélica respeitada por todos.
Tal é a senda na qual teremos nos esforçados para fazer entrar o Espiritismo. A bandeira que levantarmos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, ao redor da qual somos felizes em ver já tantos homens se congregarem sobre todos os pontos do globo, porque compreendem que aí está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era nova para a Humanidade. Convidamos todas as sociedades espíritas a concorrerem para essa grande obra; que de um lado do mundo ao outro elas se estendam mão fraternal, e lançarão o mal em redes inextricáveis.
                         (O Livro dos Médiuns – Seg. Parte – Cap. XXIX)

 Existe diferença entre doutrinar e evangelizar?

- Há grande diversidade entre ambas as tarefas. Para doutrinar, basta o conhecimento intelectual dos postulados do Espiritismo; para evangelizar é  necessário a luz do amor no íntimo. Na primeira, bastarão a leitura e o conhecimento; na segunda, é preciso vibrar e sentir com o Cristo. Por estes motivos, o doutrinador muitas vezes não é senão o canal dos ensinamentos, mas o sincero evangelizador será sempre o reservatório da verdade, habilitado a servir às necessidades de outrem, sem privar-se da fortuna espiritual de si mesmo.
                          (O Consolador/Emmanuel e Chico Xavier).

Quando a espiritualidade sublime te clareou por dentro, passaste a  mentalizar  perfeição nas atitudes alheias. Entretanto, buscando, aqui e ali, padrões ideais de comportamento, nada mais recolheste que necessidades e negações.
Irmãos que te pareciam sustentáculos da coragem tombaram no desanimo, em dificuldades nascentes; criaturas que supunhas  destinadas à missão da bênção, pela música de carinho que lhes vibrava na boca, amaldiçoaram leves espinhos que lhes roçaram a vestimenta; companheiros que se afiguravam troncos na fé resvalaram facilmente nos atoleiros da dúvida, e almas que julgavas modelos de fidelidade e ternura abandonaram-te o clima de esperança, nas primeiras horas da luta incerta.
Sofres, exiges, indagas, desarvoras-te...
Trilhando o caminho da renovação que te eleva, solicitas circunstâncias e companhias em que te escores para seguir adiante; contudo, se estivesses no plano dos amigos perfeitos, não respirarias na escola do burilamento moral.
O Universo é governado por leis infalíveis.
“Daí e dar-se-vos-á” – ensinou Jesus.
Possuímos,  desse modo, tão-somente aquilo que damos.
Se aspiras a receber a simpatia e a abnegação do próximo, começa distribuindo simpatia e abnegação.
O entendimento na Doutrina Espírita esclarece-nos a cada um que  é loucura reclamar a santificação compulsória e, sim, que é dever simples de nossa parte operar a própria transformação para o bem, a fim de que sejamos para os outros, ainda hoje, o que desejamos sejam eles para nós amanhã.
É possível estejas atravessando a estrada longa da incompreensão, pedregosa e obscura.
Façamos, porém, suficiente luz no próprio íntimo, e a noite, por mais espessa, será sempre sombra a fugir de nós.
                                                                                          Emmanuel/Chico Xavier
                                   (Do livro Seara dos Médiuns, lição: Reforma íntima).

FUNÇÃO MEDIÚNICA

Estudo da questão 226 de O Livro dos Médiuns, Cap. XX
                                  O texto é do livro: Opinião Espírita/FCX


Mediunidade é igual ao trabalho: acessível a todos.
Entretanto, qual ocorre ao trabalho, é forçoso que o servidor dela seja leal ao próprio dever, para que a obra alcance os fins em vista.
O mais humilde dos utensílios tem qualidades polimórficas.
Qualquer médium também é suscetível de ser mobilizado, na produção de fenômenos múltiplos, favorecendo pesquisas e observações, com algum proveito, mas se quisermos rendimentos medianímico, seguro e incessante, na composição doutrinária do espiritismo, cada tarefeiro da mediunidade, embora pronto a colaborar, seja onde for, no levantamento do bem, é convidado  logicamente a consagrar-se à própria função, conquanto possua faculdades diversas, amando-a, estudando-a e praticando-a, no serviço ao próximo, que será sempre serviço a nós mesmos.
Se formos chamados a ensinar, através da palavra falada, aprimoremos a emoção e selecionemos a frase, para que os instrutores da Vida Maior nos utilizem o verbo, por agente de luz, construindo esclarecimento e consolação nos que nos ouvem; se designados a escrever, façamos em nós bastante silêncio interior, a fim de que a voz do mundo espiritual se manifeste por nossas mãos, instruindo a quem lê; se indicados ao labor curativo, sustentemos o magnetismo pessoal tão limpo quanto possível, para que os emissários celestes nos empreguem as energias no socorro aos doentes; se trazidos a cooperar na desobsessão, mantenhamos o pensamento liberto de idéias preconcebidas,  a fim de que os benfeitores desencarnados nos encontrem capazes da enfermagem precisa, no amparo aos companheiros desorientados e sofredores, sem criar-lhes problemas...
Mero ferrolho, deve estar no lugar próprio, para atender à serventia que se lhe roga dentro de casa.
Simples fio, para canalizar os préstimos da eletricidade, necessita ajustar-se à ligação correta, de modo a garantir a passagem da força.
Sobretudo, é imperioso recordar que todos podem ser medianeiros do bem, sob a inspiração de Jesus, honorificando encargos e responsabilidades, em posição certa, no plano de construção da felicidade geral. É por isso que ele, o Cristo de Deus, não nos disse que  maior no reino dos Céus será quem saiba fazer tudo, mas sim  aquele que se fizer o servo leal de todos.

M E D I U N I D A D E

Esmagadora maioria dos estudantes do Espiritismo situam na mediunidade a pedra basilar de todas as edificações doutrinárias, mas cometem o erro de considerar por médiuns tão-somente os trabalhadores da fé renovadora, com tarefas especiais, ou os doentes psíquicos que, por vezes, servem admiravelmente à esfera das manifestações fenomênicas.
Antes de tudo, é preciso compreender que tanto quanto o tato é o alicerce inicial de todos os sentidos, a intuição é a base de todas as percepções espirituais e, por isso mesmo, toda inteligência é médium das forças invisíveis que operam no setor de atividade regular em que se coloca.
Dos círculos mais baixos aos mais elevados da vida, existem entidades angélicas, humanas e sub-humanas, agindo através da inteligência encarnada, estimulando o progresso e divinizando experiências, brunindo caracteres ou sustentando abençoadas reparações, protegendo a natureza e garantindo as leis que nos governam.
Desvendando conhecimentos novos à Humanidade, o Espiritismo incorpora ao nosso patrimônio mental valiosas informações sobre a vida imperecível, indicando a nossa posição de espíritos imortais em temporário aprendizado, nas classes da raça, da nação e do grupo consangüíneo a que transitoriamente pertencemos na Terra.
Cada individualidade renasce em ligação com os centros de vida invisível do qual procede, e continuará, de modo geral, a ser instrumento do conjunto em que mantém suas concepções e seus pensamentos habituais. Se deseja, porém, aproveitar a contribuição que a escola sublime do mundo lhe oferece, em seus cursos diversos de preparação e aperfeiçoamento, aplicando-se à execução do bem, nos menores ângulos do caminho, adquirindo mais amplas provisões de amor e sabedoria, é aceita pelos grandes benfeitores do mundo, nos quadros da evolução humana, por intérprete da assistência divina, onde quer que se encontre, seja na construção do patrimônio de conforto material ou na santificação da alma eterna.
É necessário, contudo, reconhecer que, na esfera da mediunidade, cada servidor se reveste de características próprias.
O conteúdo sofrerá sempre a influenciação da forma e da condição do recipiente.
Essa é a lei do intercâmbio.
Uma taça não guardará a mesma quantidade de água, suscetível de ser sustentada numa caixa com capacidade para centenas de litros.
O perfume conservado no frasco de cristal puro não será o mesmo, quando transportado num vaso guarnecido de lodo.
O sábio não poderá tomar uma criança para confidente, embora a criança, invariavelmente, detenha consigo tesouros de pureza e simplicidade que o sábio desconhece.
Mediunidade, pois, para o serviço da revelação divina reclama estudo constante e devotamento ao bem para o indispensável enriquecimento de ciência e virtude.
A ignorância poderá produzir indiscutíveis e belos fenômenos, mas só a noção de responsabilidade, a consagração sistemática ao progresso de todos, a bondade e o conhecimento conseguem materializar na Terra os monumentos definitivos da felicidade humana. 

APOSTOLADO


Emmanuel e Chico Xavier

                                                        Livro: O Consolador

         Onde o maior escolho do apostolado mediúnico?

        - O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Frequentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.
        Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa vontade, com o melhor esforço de auto educação, à claridade do Evangelho.
        O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no campo das atividades contrárias à expansão da Doutrina, mas no próprio seio das organizações espiritistas, constituindo-se daquele que se conveceu quanto aos fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, tendências nocivas, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração, sem reconhecer a realidade de suas deficências e a exiguidade dos seus cabedais íntimos. Habituados ao estacionamento, esses irmãos infelizes desdenham o esforço próprio - única estrada de edificação definitiva e sincera - para recorrerem aos Espíritos amigos nas menores dificuldades da vida, como se o apostolado mediúnico fosse uma cadeira de cartomante. Incapazes do trabalho interior pela edificação própria na fé e na confiança em Deus, dizem-se necessitados de conforto. Se desatendidos em seus caprichos inferiores e nas suas questões pessoais, estão sempre prontos para acusar e escarnecer. Falam da caridade, humilhando todos os princípios fraternos; não conhecem outro interesse além do que lhe lastreia o seu próprio egoísmo. São irônicos, acusadores e procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas. Esses são também aqueles elementos da confusão, que não penetram o templo de Jesus e nem permitem a entrada de seus irmãos.
        Esse gênero de inimigos do apostolado mediúnico é muito comum e insistente nos seus processos de insinuação, sendo indispensável que o missionário do bem e da luz se resguarde na prece e na vigilância. E como a verdade deve sempre surgir no instante oportuno, para que o campo do apostolado não esterilize, faz-se imprescindível fugir deles.


CAPITULO XX

DA INFLUÊNCIA MORAL DO MEDIUM


Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido torna-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções.
O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações. Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do Espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo que não venha deles: é que julgam ter o privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com o que se adornam os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo, afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma profanação. Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que lhes tem prestado serviço. Por favorecerem a esse insulamento a que os arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se comprazem em lhes conservar as ilusões, par ao que os fazerm considerar coisas sublimes as mais polpudas absurdidades. Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtêm, desprezo pelo que deles não venha, irrefletida importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho, suspeição sobre qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas: tais as características dos médium orgulhosos.
Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Mais de uma vez tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns, com o intuito de os animar.

Texto extraído do Livro dos Médiuns, Cap XX – Da Influência Moral do Médium - páginas 279 e 280.

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