sábado, 27 de outubro de 2012

CENTROS VITAIS E A MEDIUNIDADE





Qual o papel dos centros vitais no intercâmbio mediúnico?



Raul Teixeira – Encontramos os centros vitais como sendo representações do corpo psicossomático ou perispírito, correspondendo aos plexos no corpo físico. São verdadeiras subestações energéticas.

À proporção que encontramos no mapa fisiológico do indivíduo os diversos entroncamentos nervosos, de vasos, de veias, temos aí um foco de expansão de energia.

O nosso centro coronário, que é a porta que se abre para o cosmo, é a “esponja” que absorve o influxo de energia e o distribui para o centro cerebral, para o centro laríngeo, e, respectivamente, para outros centros que se distribuem com maior ou menor intensidade, através do corpo.

Sabemos que tais energias, antes de atingir o corpo físico, abrigam-se no corpo espiritual. Do mesmo modo como se tivéssemos uma grande cisterna de água abastecendo uma cidade, tendo em cada residência a nossa particular, verificamos no organismo a grande “cisterna” que absorve as energias de maior vulto, que é o citado centro coronário, e as pequenas “cisternas” que vão atendendo às outras regiões: o centro cerebral, atendendo às funções intelectivas do homem, acionando as funções da mente; o centro laríngeo, responsável pela respiração, pela fala e todas as funções importantes do aparelho fonador; temos o centro cardíaco, que ativa as emoções, as emissões do sentimento do homem, atuando sobre o músculo cardíaco.

Conhecemos o centro gástrico, responsável pela digestão energética e naturalmente achamos aí, no campo da mediunidade, uma contribuição muito grande, porque os médiuns invigilantes, ou que estão nas lides sem o devido policiamento, sem as devidas defesas, quando entram em contato com atormentados, sentem as tradicionais náuseas, absorvendo energias que os alimentam de maneira negativa e provocam mal-estares de repercussão no soma, no corpo físico; a dor de cabeça, tão comum aos médiuns, são energias atingindo o centro cerebral.

Lembramos, ainda, o centro esplênico, responsável pela filtragem de energia, atuando sobre o baço, do mesmo modo que este é responsável pelo armazenamento do sangue, pela filtragem; e, achamos o centro básico ou genésico, por onde absorvemos a energia provinda dos minerais, do solo, o chamado pelos jogues de “kundalini” ou “fogo serpentino”.

Esses centros espalhados são tidos como os mais importantes, mas, ao longo do corpo, temos vários outros centros por onde as energias penetram ou por onde elas são emitidas.

Dessa forma, os centros de força são distribuidores de energia ao longo do corpo psicossomático que têm a função de atender ao corpo somático.

Identificamos a correspondência das veias, das artérias e dos vasos no corpo físico com as “linhas de força” do corpo perispiritual.

Eis porque, quando recebemos o passe, imediatamente, sentimos bem-estar, nos sentimos envolvidos numa onda de leveza que normalmente provoca-nos emoção. Porque as energias penetram o centro coronário e são distribuídas por essas “linhas de força”, à semelhança de qualquer medicamento, elas vão atingir as áreas carentes.

Se estivermos com uma problemática cardíaca, por exemplo, não haverá necessidade de aplicarmos as energias sobre o músculo cardíaco, porque em penetrando nossa intimidade energética, aquele centro lesado vai absorver a quantidade, a parcela de recursos fluídicos de que necessita.

Do mesmo modo, se temos uma dor na ponta do pé e tomamos um analgésico, que vai para o estômago, a dor na ponta do pé logo passa. Então, o nosso cosmo energético está, como diz a Doutrina Espírita, ligado célula por célula ao nosso corpo somático.

Por isso, os centros de força do perispírito têm seus correspondentes materiais nos plexos do corpo carnal, ou, diríamos de melhor maneira, os plexos do corpo carnal são representantes materiais, são a expressão materializada dos fulcros energéticos ou dos centros de força, ou, ainda, dos centros vitais do nosso perispírito.



Retirado do livro “Diretrizes de Segurança”
Por Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira

SOBRE OS MÉDIUNS CURADORES


Qual a finalidade de médiuns curadores?

Divaldo Franco – A prática do bem, do auxílio aos doentes. O Apóstolo Paulo já dizia: “Uns falam línguas estrangeiras, outros profetizam, outros impõem as mãos...”

Como o Espiritismo é o Consolador, a mediunidade, sendo o campo, a porta por meio da qual os Espíritos Superiores semeiam e agem, a faculdade curadora é o veículo da Misericórdia para atender a quem padece, despertando-o para as realidades da Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a recuperação da saúde, o paciente já não tem o direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a realidade do que experimentou.

O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do bem.

- É normal que médiuns dessa natureza se utilizem de instrumental cirúrgico, de indumentária, que os caracterizem como médicos?

Divaldo Franco – Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do espírito comunicante, que deve ser devidamente esclarecido, e de presunção do médium, que deve ter alguma frustração e se realiza dessa forma, ou de uma exibição, ou, ainda, para gerar maior aceitação do consulente que, condicionado pela aparência, fica mais receptivo. Já que os espíritos se podem utilizar dos médiuns que normalmente não os usam, não vejo porque recorrer à técnica humana quando eles a possuem superior.

- Quais os cuidados que se deve tomar para que o médium curador não se apresente como um curandeiro e não esteja enquadrado no Código Penal, pela prática ilegal da medicina?

Divaldo Franco – Primeiro, que ele estude a Doutrina Espírita, porque todo e qualquer médium que ignora o Espiritismo é alguém que caminha em perigo.

Por que é alguém que caminha em perigo? Porque aquele que ignora os recursos que possui, que se desconhece a si mesmo, é incapaz de realizar um trabalho em profundidade e com equilíbrio. Se estuda a Doutrina, fica sabendo que a faculdade de que se encontra revestido é temporária, é o acréscimo de responsabilidade, também uma provação, na qual ele estará sendo testado constantemente e deve sempre, em cada exame, lograr um resultado positivo.

Depois de se dedicar ao estudo da Doutrina, deve se vincular a um Centro Espírita, porque um dos fatores básicos do nosso comportamento é a solidariedade, em trabalho de equipe. Estando a trabalhar num Centro Espírita, ele estará menos vulnerável às agressões das pessoas frívolas, irresponsáveis, dos interesseiros; terá um programa de ação, em dias e horas adrede estabelecidos. Então, não ficará à mercê da mediunidade, em função dela, mas será um cidadão normal, que tem seus momentos de atender, trabalhando para viver com dignidade e renunciando às suas horas de descanso em favor do ministério mediúnico.

Para que ele se poupe de ficar incurso no Código Penal, deve fazer o exercício da mediunidade sem prometer, sem anunciar curas retumbantes, porque estas não podem ser antecedidas, e a Deus pertencem, e não retire da mediunidade nenhum proveito imediato, porque o curandeirismo implica em exploração da ingenuidade do povo, da superstição e da má-fé. Se ele é dotado de uma faculdade mediúnica, seja qual seja, dentro de uma vida regular e equilibrada, preservar-se-á a si mesmo. Se, eventualmente, for colhido nas artimanhas e nas malhas da Lei, isto será consequência da Lei Divina.

Que ele saiba pagar o preço do ministério que executa, que lhe foi confiado pelo Senhor.

Retirado do livro “Diretrizes de Segurança”
Por Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira

FATORES DE DESEQUILÍBRIO DO HOMEM






A saúde da criatura humana resulta de fatores essenciais que lhe compõem o quadro de bem-estar: 

- equílibrio mental, 
- harmonia orgânica e 
- ajustamento sócio-econômico. 

Quando um desses elementos deixa de existir, pode-se considerar que a saúde cede lugar à perturbação, que afeta qualquer área do conjunto psicofísico. 

Sendo a criatura humana constituída pela energia que o espírito envia a todos os departamentos materiais e equipamentos nervosos, qualquer distonia que a perturbe abre campo para a irrupção de doenças, a manifestação de distúrbios, que levam aos vários desconcertos patológicos, conhecidos como enfermidades. 

Por isso, é possível que uma criatura, em processo degenerativo, possa aparentar saúde, face à ausência momentânea dos sintomas que lhe permitem o registro, a percepção do insucesso. 

Da mesma forma, podemos considerar que, escrava da mente, a criatura transita do cárcere dos sofrimentos aos portões da liberdade – das doenças à saúde ou vice-versa – através da energia direcionada ao bem, à harmonia, ou sob distonias, conflitos e traumas. 

De relevantes significados são os conteúdos negativos do comportamento emocional, geradores das disritmias energéticas, que passam a desvitalizar os campos nos quais se movimentam, enfraquecendo-os e abrindo-os à sintonia com os microrganismos degenerativos. 

Entre os muitos fatores de destruição do equilíbrio, anotemos o amor, a angústia, o rancor, o ódio, que se convertem em gigantes da vida psicológica, com poderes destrutivos. 

O amor 

Aqui referimo-nos ao amor bruto, asselvajado, possessivo, que situa no desejo a sua maior carga de aspiração. 

Ocultando frustrações pertinazes e gerando mecanismos de transferência neurótica, as personalidades atormentadas aferram-se ao amor-desejo, ao amor-sexo, ao amor-posse, ao amor-ambição, deixando-se consumir pelos vapores da perturbação, que a insistência mental e insensata do gozo desenvolve em forma de incêndio voraz. 

Quanto mais aspira e frui, mais exige e sofre; se não logra a realização, mais se decompõe, perdendo ou matando, com os raios da mente em desalinho, as defesas imunológicas e a vibração de harmonia mental, logo tombando nos estados enfermiços. 

A angústia 

Enquanto transite nos primeiros níveis de consciência, a carência de lucidez dos objetivos essenciais da vida levá-lo-á a incertezas, portanto, as suas, serão as buscas dos prazeres, das aspirações egoístas, das promoções da personalidade, sentindo-se fracassado quando não alcança esses patamares transitórios, equivocados, em relação à felicidade. 

A angústia, como efeito de frustração, è semelhante a densa carga tóxica que se aspira lentamente, envenenando-se de tristeza injustificável, que termina, às vezes, como fuga espetacular pelo mecanismo da morte anelada, ou simplesmente ocorrida por efeito do desejo de desaparecer, para acabar com o sofrimento. 

Exercícios de auto-controle, de reflexões otimistas, de ações enobrecedoras, funcionam como terapia libertadora da angústia, que deve ser banida dos sentimentos e do pensamento. 

O rancor 

Fenômeno natural decorrente da insegurança emocional, o rancor produz ácidos destruidores de alta potencialidade, que consomem a energia vital e abrem espaços intercelulares para a distonia e a instalação das doenças. 

Entulho psíquico, o rancor acarreta danos emocionais variados, que levam a psicoses profundas e a episódios esquizofrênicos de difícil reparo. 

A psicoterapia do perdão, com os mecanismos da renúncia dinâmica, consegue eliminar as sequelas do insuccesso, retirando o rancor das paisagens mentais e emocionais da criatura, sem o que se desarticulam os processos de harmonia e equilíbrio psíquico, emocional e físico. 

O ódio 

Etapa terminal do desarranjo comportamental, o ódio é tóxico fulminante no oxigênio da saúde mental e física. 

Desenvolve-se, na sua área, mediante a análise injusta do comportamento dos outros em relação a si, e nunca ao inverso. Fazendo-se vítima, porque passou a um conceito equivocado sobre a realidade, deixa-se consumir pelo complexo de inferioridade, procedente da infância castrada, e descarrega, incoscientemente, a sua falta de afetividade, a sua insegurança, o seu medo de perda, a sua frustração de desejo, em arremessos de ondas mentais de ódio, até o momento da agressividade física, da violência em qualquer forma de manifestação. 

O ódio é estágio primevo da evolução, atavicamente mantido no psiquismo e no emocional da criatura, que necessita ser transformado em amor, mediante terapias saudáveis de bondade, de exercícios fraternais, de disciplinas da vontade. 

Agentes poluidores e responsáveis por distúrbios emocionais de grande porte, são eles os geradores de perturbações dos aparelhos respiratório, digestivo, circulatório. Responsáveis por cânceres físicos, são as matrizes das desordens mentais e sociais que abalam a vida e o mundo. 

A mente desordenada, que cultiva paixões dissolventes, perde o rumo, passando a fixações neuróticas e somatizadoras, infelizes, que respondem pelos estados inarmônicos da psique, da emoção e do corpo. 

Os conteúdos do equilíbrio expressam-se no comportamento, propiciando modelos de criaturas desidentificadas com as manifestações deletérias do meio social, das constrições de várias ordens, das dominações bacterianas. 

A auto-análise, trabalhada pela insistência de preservação dos ideais superiores da vida, é o recurso preventivo para a manutenção do bem-estar e da saúde nas suas várias expressões. 

Fonte: 'O ser consciente' 
Pelo Espírito: Joanna de Ângelis 
Psicografia: Divaldo Pereira Franco. 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CULTURA DO MELINDRE




Inúmeras têm sido as comunicações procedentes do mundo espiritual que falam sobre a necessidade de vencer barreiras intelectuais para vivenciar a comunicação interdimensional de forma mais plena. Muitos espíritos ilustres reclamam dizendo que sentem como se tivessem morrido duas vezes: a primeira, pela desencarnação, e a segunda, quando se aproximam de médiuns visando comunicar-se e estes se recusam a recebê-los, por medo do que os companheiros possam dizer.
Diante disso, podemos observar algumas situações que precisam ser repensadas:
1 – A cultura do melindre nos meios espíritas gerou situações em que o médium se nega a receber um espírito mais elevado, para não acabar sendo “fritado” pelos companheiros do grupo, quando deveria ser fiel ao mandato que lhe confiaram.
2 – Os grupos mediúnicos deveriam trabalhar intensamente para erradicar os melindres. Além de prejudiciais aos próprios trabalhos, abrigam em seu bojo o orgulho e a vaidade.
3 – Enquanto alguns médiuns se sentiriam inflar de vaidade por “receber” espíritos ilustres, outros adotam a cultura da indignidade que vige nos meios espíritas: “Quem sou eu para receber tal espírito?”, “Imagine eu psicografando com espíritos como fulano ou sicrano”...
Será que o melindre, a vaidade ou a cultura da indignidade poderão servir aos propósitos evolutivos da espiritualidade? Não seria mais coerente os médiuns e os grupos mediúnicos se esforçarem mais pelo próprio crescimento interior, a fim de se apresentarem como instrumentos adequados a comunicações com espíritos de mais elevada estirpe? Certamente é o caso de esses grupos começarem a desenvolver mais ações e de forma mais intensa, visando melhorar o nível espiritual dos seus membros para que os comunicantes possam encontrar instrumentos à altura.
Um grupo mediúnico que consiga eliminar os melindres, gerar afetividade e espírito de cooperação entre seus membros e realizar, ao término de cada sessão, uma análise das manifestações, com sinceridade, mas com muito amor e humildade verdadeira, evitará que seus médiuns se façam portadores de mistificações e de animismo em níveis prejudiciais.
Na verdade, há muitas coisas a serem repensadas, outras a serem mudadas, e outras ainda a serem aprendidas, para que as comunicações entre nós e o mundo espiritual venham a cumprir mais amplamente as suas sublimes finalidades.

"Trecho extraído do opúsculo “A mediunidade em época de transição”.


O MELINDRE   
  
É indispensável, para o seu próprio equilíbrio, que o médium desenvolva humildade e paciência, pois certamente encontrará em seu caminho a prepotência, o despeito, a má fé, a má vontade, a calúnia e outras tantas... e não é justo perder sua oportunidade de reajuste e evolução só para “responder à altura”, ou para preservar sua imagem perante os companheiros, porque a imagem que deve preservar acima de tudo é a de si mesmo diante da sua consciência.
Também há de precisar de muito autocontrole e serenidade, além da humildade, quando vir sua mediunidade questionada; quando lhe chamarem a atenção para erros ou falhas eventuais.
A vaidade e o melindre são seus piores inimigos nesses momentos. É muito difícil alguém ver a sua atuação questionada ou criticada por outrem e não sentir-se revoltado, humilhado ou frustrado.
Nessas circunstâncias também é natural que comece a duvidar da própria mediunidade e essa desconfiança poderá crescer, ganhando visos de realidade a seus olhos e logo estará tão cheio de dúvidas, que fechará inconscientemente seus canais mediúnicos, podendo pôr a perder uma tarefa promissora.
Em qualquer situação, portanto, o médium sábio não deve se exaltar, não se ofender, nunca se melindrar, mesmo que esteja convencido de que as críticas que porventura lhe façam nada têm de verdadeiras.
Quantas vezes estamos certíssimos de algo que nos toca de perto e só mais tarde percebemos nosso erro. Os outros estão bem mais qualificados para nos observarem. Por isso é fundamental que o médium jamais se melindre com quaisquer observações, questionamentos, acusações ou críticas. Em vez disso, que procure analisar, observar e questionar a si mesmo; conversar com algum companheiro que poderá ajudá-lo a encontrar a sua verdade. Em seguida, buscar orientação espiritual. Para isso é necessário limpar o coração de quaisquer mágoas ou ressentimentos, relaxar, elevar o espírito para Deus e pedir, com toda humildade e sinceridade, a ajuda de que está necessitando.
Se a resposta do Alto, assim como seu coração, lhe disserem que está certo, então siga firme e tranqüilo, sem se importar com os espinhos que lhe atirem, mas sempre vigilante para não cair em erro. E se observar erros em si mesmo ou em sua atuação mediúnica, procurar corrigir-se, ou buscar auxílio, se for esse o caso, mesmo porque alguns processos obsessivos são muito sutis, necessitando de ajuda externa para sua solução. Não é vergonhoso um médium procurar ajuda junto a outros companheiros, quando entender necessário. Isto denota maior maturidade de sua parte.
Já o melindre, quando lhe damos acolhida, transforma-se num dos maiores obstáculos em nosso caminho. É incontável o número de medianeiros, com excelentes faculdades, comprometidos com tarefas de maior ou menor monta, que se afastaram por se melindrarem, pondo a perder grandiosas oportunidades de resgate e crescimento.
Vemos então como a humildade é fundamental para o equilíbrio do medianeiro e seu bom desempenho no intercâmbio com o mundo espiritual. Mas isto não significa que deva anular a própria personalidade e deixar-se “humildemente” levar pelos que o querem conduzir. Como canal da outra dimensão para esta, precisa ter maturidade para ver, observar, analisar e agir de acordo com critérios corretos. Para isso é preciso conhecer a mediunidade e estudá-la, assim como também a tudo que com ela se relaciona, e esse tudo envolve a doutrina espírita em sua totalidade. Por isso ler, estudar, refletir e praticar Kardec é fundamental.
Muitos têm preguiça de ler, não gostam, ou não conseguem aprofundar-se em estudos mais avançados. Para esses, ou mesmo para os que estão dando os primeiros passos, há literatura mais leve pela qual se pode obter conhecimentos generalizados, embora menos profundos sobre o assunto.
Outro perigo, e dos maiores, está nos elogios que o médium porventura venha a receber em função das suas faculdades ou qualidades. Certamente, são bem mais perigosos que as críticas, por incentivarem e nutrirem a vaidade, podendo colocar seu portador nos primeiros passos para a fascinação, a mais perigosa das obsessões.
 Esse é um lastro enganoso que se avoluma depressa e pode nos fazer cair desastrosamente.
Orar e Vigiar, é fundamental para que os médiuns não se envolvam nas artimanhas de Espíritos obsessores e perturbadores que tudo fazem para nos "desviar" do caminho da Luz e do Progresso Moral. 

Que o Evangelho de Jesus esteja presente em nós. 



domingo, 21 de outubro de 2012

MELINDRE E ORGULHO




Melindre originariamente, um simples e comum substantivo masculino, com o sutil significado de ser a delicadeza no trato, cuidado extremo em não magoar ou ofender por palavras ou obras.
Tornar melindroso;  Ofender o melindre de, magoar, escandalizar.
Orgulho, manifestação do alto apreço ou conceito em que alguém se tem.

É o que dizem os dicionários...

Infelizmente ainda no planeta, no estágio em que nos encontramos vemos muito disso nos meios sociais, trabalho, familiar, vizinhos e muito mais nos grupos de ações beneficentes, não importando a religião ou filosofia desse grupo. O cuidado com o "melindre e o orgulho" deve ser maior para o Espírita, conhecedor que é de suas próprias fraquezas e imperfeições. Uma luta constante, observar a cada momento o seu "eu interior".

O maior entrave para o desenvolvimento do ser humano é o "melindre", sendo ele o verdadeiro vírus da discórdia. Ele ataca sorrateiramente a todos aqueles que, invigilantes, dão valor maior do que o devido a si mesmo. O amor próprio tem um limite.

É importante ter amor próprio mas na dose certa, precisamos cuidar de nossa aparência e gostar de nós mesmos.
Esse amor não pode superar o limite do razoável. Quando passamos a nos julgar superiores a nossos irmãos, avançamos para a vaidade, para o orgulho, para a falsa superioridade. Ao atingir esse estágio perigoso, todas as idéias, observações ou palavras de nossos semelhantes que são contrárias ao nosso ponto de vista nos machucam muito.

Vem então o "melindre", não aceitamos ser contrariados, colocados de lado. Não aceitamos opiniões diferentes enchendo-nos de mágoas e de não me toques. E o pior é que isso nos entristece, nos tira do equilíbrio, trazem conseqüências físicas e afetam profundamente nosso relacionamento com pessoas queridas.

Encontramos o "melindre e o orgulho" no Movimento Espírita, aqueles que se dedicam a sua divulgação, onde são colocados a prova de sua própria fé, conhecimento e boa vontade em aceitar as diferenças. Aqueles que ainda acreditam que o Espiritismo é "dele" ou a casa Espírita tem "dono", e tudo que ele faz é dele ou é por ele, não entendendo que seja por qualquer meio de comunicação o Espiritismo está em primeiro lugar. A casa Espírita tem alguém, seu diretor para responder pelos ditames normais que regem as leis do país em que se encontra, mas não é "dono", sim um trabalhador de Jesus, em favor dos que procuram a casa.

O erro está, neste caso, em o melindrado esperar (e até exigir) gratidão de todos pelo trabalho que ele desenvolveu na Casa, confundindo obrigações com favores. Ora, obrigações não implicam de modo algum em gratidão, muito especialmente se levando em conta que quem as assume, o faz livremente. Daí, quando contrariado, ferido em seu orgulho pessoal, julga-se vítima de ingratidão, de injustiça... e ameaça retirar-se, quando não se esquiva definitivamente.

Outro agravante no fato que envolve o trabalhador descuidado, o "melindre" propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral. Assim, quando o espírita se "melindra", julga-se mais importante que o Espiritismo e melhor que a própria tarefa libertadora que liberta, esclarece e consola.“Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. Todos nós aí comparecemos para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias.” 

Assiste razão integral ao preclaro Irmão X , a afirmar que “os melindres pessoais são parasitos destruidores das melhores organizações do espírito. Quando o disse-me-disse invade uma instituição, o espírito [palavra original no texto "demônio"] da intriga se incumbe de toldar a água viva do entendimento e da harmonia, aniquilando todas as sementes divinas do trabalho digno e do aperfeiçoamento espiritual.” 

Ainda tem mais, a mágoa destrói nossas resistências orgânicas. Ela obstrui os nossos canais responsáveis pela circulação sanguínea e pelo equilíbrio de nosso corpo físico.

O melindre é causa de muitas discussões que poderiam ter sido evitadas. Bastaria uma atitude de tolerância, de compreensão. Todos nós, espíritos ainda imperfeitos vivendo na Terra, estamos sujeitos a ter atitudes e a falar palavras ofensivas a nossos irmãos, e que a tolerância mútua e o perdão podem transformar em coisas banais e sem importância os episódios que julgamos terríveis ofensas que nos fazem.

Uma pequena discussão entre marido e mulher pode trazer muita discórdia e até separações por causa do melindre. Tolerância é ainda o melhor remédio para a manutenção da paz nos lares.

O mesmo acontece entre pais e filhos, entre irmãos e entre amigos, muitas vezes provocando o afastamento de pessoas que se amam, apenas por terem se deixado levar pelo melindre. Muitas entidades religiosas respeitáveis e até instituições espíritas podem ser atingidas por esse terrível vírus.

Temos que combater esse mal. O caminho para isso é seguir os ensinamentos e o exemplo de Jesus.

Ouçamos, afinal, todos nós, trabalhadores da seara espírita, os simplíssimos mas altamente judiciosos e adequadíssimos conselhos de André Luiz, na cartilha de boa condução moral chamada Sinal Verde , que transcrevo abaixo: 

“Não permita que suscetibilidades lhe conturbem o coração.
Dê aos outros a liberdade de pensar, tanto quanto você é livre para pensar como deseja.
Cada pessoa vê os problemas da vida em ângulo diferente.
Muita vez, uma opinião diversa da sua pode ser de grande auxílio em sua experiência ou negócio, se você se dispuser a estuda-la.
Melindres arrasam as melhores plantações de amizades.
Quem reclama, agrava as dificuldades.
Não cultive ressentimentos.
Melindrar-se, é um modo de perder as melhores situações.
Não se aborreça, coopere.
Quem vive de se ferir, acaba na condição de espinheiro”. 

Lutemos contra o "melindre e o orgulho", colocando a tolerância antes de tudo, afinal muitos são os que nos toleram as nossas fraquezas e usando da Boa Nova nosso leme para mudarmos, renovar nossos pensamentos e atitudes.

Sem "melindres, sem "orgulho".

Senhor, fazei de nós instrumentos da Vossa Paz