quarta-feira, 1 de maio de 2013

Estudo de Passe II







Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece.  Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.

(A Gênese – Allan Kardec)



Nesse pequeno estudo sobre o passe, não abordaremos o roteiro comum usado por qualquer pessoa quando precisa conhecê-lo ou praticá-lo.  Apenas transcreveremos as explicações e opiniões dos amigos espirituais, a nós passadas, em reunião específica sobre o tema.

Procuramos traduzir o mais fielmente possível as elucidações, razão pela qual mantivemos quase na íntegra aquilo que nos foi dito, mudando apenas uma ou outra palavra, no sentido de torná-la mais adequada ao texto.

Após a prece inicial e leitura de pequeno trecho evangélico, os médiuns entraram em meditação.  Os amigos espirituais não se fizeram esperar.

... Como vocês já sabem, nossas observações hoje serão restritas ao passe, essa doação de energia, usada como terapia mesmo antes de Jesus, cujos efeitos são confirmados cientificamente na atualidade.   No passe, a doação fluídica pode ocorrer emanada tanto do encarnado que assiste a um enfermo, como de um desencarnado que auxilia o passista naquele instante, ou ainda de ambos.  No momento da aplicação, o Espírito chama a si energias do cosmo, como se as captasse com as mãos, atraídas que são pela força mental que as dirige.  Essa energia satura todo o perispírito do passista no instante da operação, caso o passe seja misto (fluidos vitais e espirituais), sendo ele o primeiro beneficiado pelo trabalho que faz.  Vale salientar que o passe é exercido também no plano espiritual como processo terapêutico que é, obedecendo aos mesmos requisitos básicos em sua aplicação, quando usado nas casas espíritas sérias.

Demonstração para os videntes:  “Percebo um companheiro com as mãos levantadas, e ao seu redor, circulando-o, uma pequena atmosfera azulada, como se fosse luz néon, atraída pela vontade dele.  Ele aproxima-se de “x” e aplica um passe para demonstrar a sua mecânica.  Das mãos dele saem raios, tipo “laser”, muito finos.  Do seu tórax também emanam esses raios.  Como o tempo de emissão fluídica foi um pouco demorado, os raios foram perdendo a intensidade luminosa, e ele prontamente ergueu os braços para o alto reabastecendo-se.  Ao levantar as mãos ele estava orando.  Seu semblante é novamente azulado, e está carregado como uma pilha.  Enquanto ele orava formou-se ao seu redor, um pouco acima da sua cabeça, um canal luminoso possibilitando que se reabasteça.  Ele parece sentir a chegada da energia, pois se agita um pouco, como se levasse leve choque.  A luz é predominantemente azul, com pequenas oscilações.  Ele agora começa aplicar um passe em “y”.  As etapas são as mesmas.  Doação, enfraquecimento da luz, levantamento das mãos, absorção de energias do cosmo e luminosidade.”

Essa técnica também pode ser executada pelos obsessores, quando procuram transmitir aos seus desafetos as suas emoções e sentimentos.  No passe a que vocês assistiram o companheiro quis transmitir (e o fez, através de sua vontade) o bem, o equilíbrio, a serenidade... No caso da obsessão, o comportamento e a carga fluídica têm sentido inverso.

Demonstração para os videntes:  “Vejo através de uma tela, como em um cinema, um rapaz com desejos suicidas, sob a atuação mental de uma jovem ofendida por ele no passado.  A jovem (obsessora) impõe as mãos sobre ele, encharcando o seu perispírito de uma substância enegrecida, fazendo com que os seus centros de força diminuam em intensidade vibratória.  De todo o corpo da jovem sai esse “piche” como se ela o transpirasse, transferindo-o para o rapaz, que o absorve pelos poros.  Da mesma maneira que as energias puras e cristalinas envolveram e penetraram o encarnado no primeiro caso, os fluidos densos e pegajosos também conseguem impregnar o perispírito do rapaz.  A aura do obsidiado apresenta-se escura, e nota-se perfeitamente que a sintonia entre ambos facilita esse intercâmbio fluídico.”

- No passe que observamos em primeiro lugar, o passista retirava as energias do cosmo e as passava para outra pessoa.  No fenômeno obsessivo, os fluidos densos são apenas do obsessor, ou ele os retira de determinado lugar do espaço?

- Ele pode absorver as energias do ambiente em que circula.  Devido às suas criações mentais e fixações, o ambiente torna-se asfixiante e viciado.  Todavia, no caso observado, a jovem ignora esse detalhe.  É algo automático.  É a lei, mas muitos desconhecem esse mecanismo.  Influenciam o meio e são por ele influenciados, sem se aperceberem dessa realidade.  É algo análogo ao que acontece conosco em relação ao ar.  Respiramos, mas não vemos o ar e não nos importamos em procurá-lo.  Apenas respiramos.  No caso da jovem, ela traz uma fixação (a vingança) e isso é tudo quanto enxerga, constituindo-lhe essa visão a sua diretriz.  Contudo, ela assimila e transmite fluidos, tal qual nós o fazemos na aplicação do passe.  Em nosso trabalho usamos a oração.  No dela a vontade firme de vingar-se.  O processo é o mesmo, os objetivos é que são diferentes.  O passe como transmissão fluídica pode trazer conseqüências positivas ou não, dependendo de quem veicula a carga energética.

No momento em que a carga fluídica positiva invade o enfermo, produz o efeito benéfico de restaurar energias, eliminando fluidos densos e neutralizando cargas negativas, absorvidas por métodos alimentares, emoções descontroladas ou atuação de obsessores.  Quando o passe é efetuado em conjunto, encarnado auxiliado por um desencarnado, o auxiliar invisível procede como já foi descrito, transmitindo ao passista a cota energética para que este, unindo-a às suas energias vitais, as encaminhe ao paciente.  É como se o desencarnado aplicasse um passe no passista, e este um outro no enfermo.  Nesse tipo de passe, existe doação de fluidos vitais do passista, que deve estar preparado física e moralmente.

Às vezes ocorre repulsão dos fluidos por parte de quem os espera receber.  A descrença, a desconfiança, a acomodação nos vícios, formam couraças no paciente, espécie de redoma que dificulta a penetração fluídica, não de permitindo o alívio da enfermidade.

- Um passista pode absorver os fluídos enfermiços de alguém a quem assiste?

-Tudo depende do seu preparo.  Quando ele comparece ao Centro Espírita consciente do trabalho de enfermagem que vai exercer, traz consigo uma espécie de campo protetor que o imuniza contra os fluidos do paciente.  Um médico ao examinar um doente, previne-se para não contrair a doença que examina. Mas, se o passista é um despreparado, sem estudo e sem disciplina em suas ações, logicamente se exporá ao contacto dos fluídos.  Por sinal, ele poderá atraí-los com sua própria sintonia. 

- Por que existe a necessidade de o encarnado praticar o passe, se os desencarnados também o ministram?

- O encarnado participa da terapêutica doando de si próprio, de sua vitalidade, ao mesmo tempo em que exercita a sua capacidade de doação. Isso é amor.  Ao valorizar a oportunidade de serviço, ele eleva e eleva-se, reconhecendo no outro um seu irmão, e aos poucos vai contribuído para a paz em si e no mundo que o cerca.  Além do mais, muitas pessoas que buscam o Centro Espírita para a terapia do passe o fazem por doenças físicas, desgaste de órgãos, estresse, problemas atenuados com o fluido vital do passista.  Os fluidos que os desencarnados manejam são largamente usados nos problemas psíquicos tais como angústia, depressão, remorso... Como as duas sintomatologias podem associar-se, é natural que os fluidos também se casem para um alívio maior.

Em algumas ocasiões o passe espiritual pode preceder o passe magnético do médium.  Modificando a química do corpo para uma maior absorção e eficiência do fluido vital, o passe espiritual promove assepsia e harmonização das correntes de força do corpo, possibilitando à transfusão fluídica operar as mudanças físicas, tal qual a transfusão sanguínea procede ao acerto das funções vitais.  Quando o passe é aplicado nos Centros Espíritas sérios, tem-se a garantia dessa conjugação de fluidos, (espirituais e vitais) que, direcionados a pacientes já devidamente harmonizados pela leitura evangélica e palestra instrutiva, minimizam o efeito da refração.

- Por que algumas pessoas não se sentem bem ao tomar o passe?

- O efeito do passe tem múltiplas variações.  Pode agir de maneira a despertar energias adormecidas, predispondo alguém para o trabalho renovador, o otimismo, a esperança... A outro, acostumado ao clima denso da psicosfera ambiental onde vive e de sua própria, ao receber uma carga fluídica que desintoxica momentaneamente, pode torná-lo inadaptado ao novo clima, advindo daí náuseas, dor de cabeça, incômodos de natureza psíquica, sintomas superáveis pela persistência na renovação.  Os que desistem da terapia se parecem com alguns habitantes que, morando em pântanos, sobem as grandes montanhas onde o ar é rarefeito e sentem-se cansados, voltando aos ares pesados a que se acostumaram.

- No médium passista, chamado médium curador, pode haver um desgaste físico pela constante doação de fluídos?

- Kardec já explicava há mais de um século, que o exercício muito prolongado de qualquer faculdade produz fadiga, necessitando o médium de um período de refazimento. O médium de efeitos físicos, o curador, como você chama, traz em si uma cota fluídica extra, que o capacita a exercer essa atividade moderadamente, sem perigo para a sua saúde.  Assim como na transfusão sanguínea o organismo restabelece o volume de sangue cedido, também no passe ocorre o mesmo fenômeno.

- Existem movimentos específicos que efetuados pelo passista direcionam melhor os fluidos, ou basta a imposição das mãos?

- Existem basicamente duas técnicas.  Na primeira, o Espírito aciona a sua mente e impõe as mãos no local afetado pela enfermidade, neutralizando energias negativas, revitalizando tecidos e órgãos deficientes.  Pode também saturar os centros de força ligados à região afetada, para que eles, à maneira de baterias, distribuam a energia para onde houver necessidade.  No segundo caso, o Espírito utiliza mãos e mente para retirar cargas negativas, substituindo-as por cotas positivas.  Movimentos manuais de retirar são comuns nessa técnica, acompanhados de imposições para efeitos de reposição fluídica.  Alguns passistas apenas utilizam a imposição das mãos e, em oração, pedem a cura do enfermo.  Mas nem sempre mentalizam a retirada dos fluídos tóxicos, ou a reposição de fluídos saudáveis.  Os Espíritos mais elevados conseguem a retirada e a reposição dos fluidos apenas com a mente, sem movimentos de mãos.  Todavia, se conseguirmos mentalizar a retirada fluídica e assim procedermos com movimentos, fazendo o mesmo com a reposição, creio que o enfermo sairá mais convencido da eficiência do passe (efeito psicológico) que se apenas nos postarmos em sua frente e orarmos.  A imposição das mãos com seus movimentos tem a função de direcionar a carga fluídica.  O excesso na encenação, tiques, trejeitos, gingados, fungados... fazem parte do folclore do passe, e não da sua eficiência.

- Na subjugação, quando já existe a ligação fluídica cérebro a cérebro entre obsessor e obsedado, qual a melhor técnica para separá-los?

- Não é aconselhável o desligamento imediato na maioria das vezes.  Se a obsessão é de longo curso, ambos se alimentam das emanações resultantes da simbiose que mantêm.  Os operadores fluídicos concentram energias nas regiões dos ligamentos que os unem, e estas aos poucos vão enfraquecendo, ocasião em que se efetua a separação da dupla.  O ato seguinte é o esclarecimento, mesmo sabendo que os vínculos psíquicos podem perdurar por alguns anos.  Todavia, cada caso requer tratamento diferenciado, pois cada Espírito tem o seu livre-arbítrio para demorar-se no lodo ou tocar as estrelas.

- Existe alguma recomendação para o passe aplicado em crianças?

- A princípio não.  Devemos contudo investigar a problemática, visando um melhor atendimento.  Não seria o quadro apresentado por ela mais específico da medicina acadêmica?   Não queremos com isso descartar o passe como inútil, mas na verminose, na anemia, subnutrição... a criança precisa de algo mais além do passe.  Não devemos nos descuidar também do problema obsessivo, pois crianças há que padecem graves obsessões, necessitando de um tratamento desobsessivo paralelo.  A criança amada, acariciada, olhada com carinho, está sempre recebendo fluidos revitalizantes de seus pais.  Um afago de mãe não é um passe?  No abraço do pai não vai parte dele, a parte melhor do seu fluido?  Amemos nossas crianças.  O amor sempre foi e sempre será o maior e melhor condutor de bons fluidos.

- Como tratar a pessoa que está bem de saúde e toma passe todos os dias?

- Com paciência e esclarecimento.  Muitas vezes o passe age como efeito psicológico, mantendo a pessoa saudável.  Pode até ser usado à semelhança de um placebo, quando a pessoa que não o toma começa a imaginar sintomas que não tem, e a atribuir qualquer desarmonia de sua vida à ausência dele.  A casa Espírita também é visitada por hipocondríacos que precisam ser auxiliados.  São pessoas dependentes, que com esforço pessoal e coletivo tendem a se libertar.  No entanto, algumas necessitam realmente de passes rotineiros, devido à deficiência apresentada em órgãos que precisam de energização.  Em outros casos o passe faz o papel de hemodiálise, desintoxicando o sistema fluídico, sobrecarregado pela ineficiência dos centros de força.  Em tudo devemos agir com justiça e conhecimento de causa.

Médium: “Para finalizar ele nos mostra um filme, com imagens do deslocamento da energia por ocasião do passe.  Vejo que o fluxo da energia no momento do passe não se dá apenas pelas mãos, e sim por todo o corpo do passista.  A maior concentração nas mãos se deve ao motivo de serem elas extremidades para as quais converge a energia, espécie de canal natural de deslocamento.  De todos os plexos saem energia; principalmente do frontal, onde um cone se evidencia, ligando-se ao enfermo pelo mesmo centro de força.  Essa grande quantidade de energia faz com que os centros de força do enfermo adquiram mais brilho e velocidade.  O passista é nesse instante como imenso letreiro luminoso... (que coisa linda!)... A transmissão fluídica vai terminando com muitas estrelinhas, chuva fina saindo dos seus dedos azulados.”

Com essa transcrição enfocamos alguns aspectos do passe, sem a preocupação didática dos esquemas rígidos da pedagogia. Foi uma conversa informal com amigos, desses que são sempre bem-vindos, que podem andar descalços em nossa casa, que se alegram com nossa alegria, que nunca se afastam, mesmo estando do outro lado do planeta.  Assim são os amigos: distanciam-se sem afastamento.  Assim é a amizade.  Um eterno passe nos caminhos de neve, de chuva, de tormento, de paz... que é a vida.
Título :O Passe
Autor:Luiz Gonzaga Pinheiro
Fonte:Livro: Vinte Temas Espíritas Empolgantes


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